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Uma das principais forças econômicas de Mato Grosso do Sul, o setor de celulose escapou da nova política tarifária dos Estados Unidos, que impôs um aumento de até 50% sobre diversos produtos brasileiros. O decreto, assinado nesta quarta-feira (30) pelo presidente norte-americano Donald Trump, causou tensão em várias cadeias produtivas, mas poupou uma das mais estratégicas para o Estado.
Em 2024, as exportações sul-mato-grossenses de celulose para os EUA somaram impressionantes US$ 213 milhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). No primeiro semestre deste ano, o volume já atinge US$ 74,8 milhões, mostrando a força do setor mesmo diante de oscilações no mercado global.
Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, não há sinal de desaceleração. “Após o anúncio do tarifaço, realizamos reuniões com representantes da indústria, e todos confirmaram a manutenção dos projetos em andamento. Os investimentos seguem no mesmo ritmo”, afirmou.
Impacto evitado e confiança mantida
Com a exclusão da celulose da nova taxação, o setor respira aliviado e evita custos extras com logística ou redirecionamento de exportações. A medida assegura a continuidade do fluxo comercial com os Estados Unidos, um dos principais mercados consumidores da celulose brasileira, ao lado da China e da União Europeia.
Mesmo enfrentando um 2023 desafiador — com queda nos preços e excesso de oferta no mercado internacional —, Mato Grosso do Sul permaneceu como líder nacional nas exportações do produto. As gigantes Suzano e Eldorado Brasil, com unidades no Estado, foram fundamentais para sustentar o desempenho.
Outros setores também foram poupados
Além da celulose, setores como mineração e citricultura também ficaram de fora do impacto tarifário. No caso da mineração, o destaque é o ferro-gusa, que representa grande parte da produção em Corumbá, Ribas do Rio Pardo e Aquidauana e abastece a indústria siderúrgica americana.
A citricultura, que avança em ritmo acelerado no Estado, também escapou. Caso fosse atingido, o setor — que já ocupa 25 mil hectares em MS — sofreria com atrasos em investimentos e poderia interromper sua expansão. Vale lembrar que o Brasil é responsável por 60% do suco de laranja consumido no mundo, e os EUA são o principal destino dessa produção.
Articulação estadual foi decisiva
O governo de Mato Grosso do Sul acompanhou de perto os desdobramentos da nova política comercial americana e, junto ao MDIC, buscou proteger os segmentos mais vulneráveis. Essa articulação foi fundamental para manter a confiança dos investidores e garantir a estabilidade de setores-chave da economia estadual.
Enquanto algumas áreas da indústria nacional ainda avaliam os efeitos das novas medidas de Trump, Mato Grosso do Sul celebra o alívio temporário — e continua apostando no protagonismo da celulose como pilar de sua economia.
Imagem: Álvaro Rezende