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A tão aguardada instalação da nova unidade da Usina Coruripe em Paranaíba, a 408 km de Campo Grande, foi oficialmente adiada. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (14), com a empresa alegando que a alta das taxas de juros no Brasil comprometeu o cronograma inicial de expansão. O projeto em Mato Grosso do Sul, assim como uma planta prevista para União de Minas (MG), envolve investimentos de R$ 600 milhões por unidade.
Segundo a companhia, os projetos não foram cancelados, mas tiveram seu início postergado para um momento mais oportuno. A expectativa é que a construção seja retomada assim que o ambiente econômico nacional oferecer melhores condições.
“Foram adiados devido às altas taxas de juros atualmente praticadas no Brasil. A meta é retomar esses projetos quando o cenário macroeconômico ficar mais favorável”, explicou a empresa, por meio de sua assessoria.
Dívida alta e pressão por rentabilidade
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente da Coruripe, Mario Lorencatto, revelou que o foco imediato da empresa é reduzir a dívida líquida, que gira em torno de R$ 3,75 bilhões. Ele ressaltou que os juros elevados, com taxas reais próximas a 20% ao ano, dificultam o retorno financeiro em setores como o sucroenergético, que dependem da estabilidade para investimentos de longo prazo.
“Cerca de 80% do nosso caixa operacional vai para o pagamento da dívida. Com esse nível de juros, torna-se inviável garantir retorno competitivo, especialmente quando se trata de commodities”, afirmou o executivo.
Medidas de reequilíbrio
Ainda de acordo com Lorencatto, a Coruripe já tomou medidas para aliviar sua estrutura financeira. Neste ano, a empresa recomprou US$ 300 milhões em títulos de dívida e tem planos de lançar um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) até o final de 2025. A iniciativa faz parte da estratégia para reequilibrar as finanças e criar um ambiente mais seguro para retomar os investimentos.
Impacto regional
A expectativa pela instalação da nova unidade era grande em Paranaíba, que já se preparava com a previsão de licenciamento ambiental para janeiro de 2025. A nova planta teria forte impacto na geração de empregos, movimentação econômica e desenvolvimento agrícola da região.
Com o adiamento, os planos são congelados temporariamente — mas a esperança permanece viva. A retomada do projeto dependerá diretamente da evolução do cenário macroeconômico nacional e da capacidade da empresa em reorganizar seu caixa.
Imagem: Divulgação