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Uma medida assinada nesta quarta-feira (30) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acendeu o sinal de alerta para o setor produtivo de Mato Grosso do Sul. O novo decreto impõe uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados, afetando diretamente o segundo maior parceiro comercial do estado: os próprios EUA. A medida entra em vigor no dia 6 de agosto.
Em comunicado oficial, a Casa Branca alegou que ações do governo brasileiro violam interesses estratégicos norte-americanos e representam uma “ameaça incomum e extraordinária” à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA. A medida veio acompanhada da declaração de emergência nacional, um passo raro em disputas comerciais.
O documento assinado por Trump faz acusações diretas a autoridades brasileiras, incluindo o ministro do STF, Alexandre de Moraes, a quem o presidente norte-americano atribui o uso de poder judicial para perseguir opositores políticos e proteger aliados. A motivação do decreto também inclui críticas à condução do governo brasileiro e supostas violações de direitos humanos.
Senadores de MS tentam diálogo
A decisão foi publicada justamente no dia em que se encerrou uma missão oficial de senadores brasileiros nos EUA, entre eles os sul-mato-grossenses Nelsinho Trad (PSD) e Tereza Cristina (PP). O grupo parlamentar, em viagem diplomática, buscava adiar ou mitigar os efeitos da tarifa, tentando abrir diálogo com o Congresso norte-americano.
Em nota, a delegação informou que a missão teve caráter institucional e suprapartidário, com foco na defesa dos interesses estratégicos do Brasil e na reconstrução do diálogo político entre os parlamentos.
Impacto direto em MS
Dados da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) apontam que, entre janeiro e junho de 2025, os EUA foram o segundo principal destino das exportações de Mato Grosso do Sul. Nesse período, o estado enviou US$ 315,4 milhões em produtos ao país norte-americano — cerca de 5,97% do total exportado no semestre.
Os setores mais impactados pela nova tarifa são carne bovina, celulose, soja e açúcar — pilares da economia sul-mato-grossense. Em 2024, o estado exportou 282,2 mil toneladas de carne bovina, com faturamento de US$ 1,2 bilhão (R$ 7,1 bilhões). Só os EUA compraram 49,6 mil toneladas, o que representa 17,6% das exportações do setor, movimentando US$ 235 milhões (R$ 1,3 bilhão).
Segundo o vice-presidente do Sincadems (Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de MS), Alberto Sérgio Capucci, o setor já havia suspendido parte dos embarques para os EUA no início de julho, após o anúncio de uma tarifa preliminar de 40%. Agora, com o aumento da alíquota, os frigoríficos buscam redirecionar a produção ao mercado interno e a novos mercados internacionais.
Rumo incerto
A nova medida amplia a tensão diplomática e comercial entre os dois países e representa um duro golpe para a economia sul-mato-grossense. Produtores e exportadores agora se mobilizam em busca de soluções de médio e longo prazo, enquanto monitoram o impacto da decisão sobre empregos, receitas e competitividade no mercado global.
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