Prédios e lugares que marcaram a história de Camapuã e que foram ícones, que desapareceram por falta de interesse histórico

Por Etevaldo Vieira de Oliveira / Fotos: Arquivo Pessoal Etevaldo Vieira de Oliveira (se usar, obrigatório cita fonte)
Que Camapuã foi e é um lugar de destaque na história centenário do Mato Grosso desde pouco depois do descobrimento do Brasil isso é patente, assim como na história do desbravamento da região até a histórica Vila de Cuiabá, que é hoje é grande cidade, ao lado de Várzea Grande, e é a capital daquele estado até hoje.
Casa do desenho do aventureiro Hércules Florence, durante a expedição LangsdorfF,- sécula XVII (livros de História)

Com o passar do tempo, e a necessidade de exploração do oeste brasileiro, Camapuã foi a melhor alternativa de deslocamento de São Paulo até as famosas minas de ouro de Cuiabá, que era o propósito maior do governo imperial brasileiro, desde o descobrimento até a independência, assim como também após a proclamação da República.
Em determinada época, a ponto de apoio aos bandeirantes e monçoeiros corajosos, surgiu a Fazenda Camapuã que faz parte da história do Brasil, pois foi o primeiro vilarejo da longa extensão de uma viagem de centenas de léguas, justamente por localizado em um ponto estratégico das mais altas cabeceiras da divisa das bacias dos rios Paraná e Paraguai, através de seus afluentes rios Pardo e Capim Branco para o nascente e rios Camapuã, Coxim e Taquari para o oeste. O lugar passou a ser denominado de Fazenda Camapuã, que em determinada época chegou a ser o maior ponto de apoio logístico aos desbravadores.
Após longo abandono, Camapuã renasce das cinzas, com novos aventureiros, como foi o caso dos primeiros moradores que foram se aposseando de áreas devolutas, depois documentadas pelas ordens governamentais.
Quando nasceu, documentalmente Camapuã, por volta de 1933 o governador do Mato Grosso designou uma grande área, cerca de 3.600 hectares, como área da Vila de Camapuã e que, por em menos de dez anos foi elevado distrito de Camapuã e, mais recente, em 30 de setembro de 1948 foi elevado a município.
Aí a cidade cresceu e teve muitas residências construídas, sendo a mais destacada o chamado “sobradinho do Oscar Bonfim”, que hoje não existe mais e ficava na esquina da rua Bonfim com a rua Campo Grande, centro da cidade. Apesar de fazer parte da história de Camapuã, as administrações municipais não conseguiram fazer a sua proteção, através de tombamento público.
O mesmo ocorreu com a casa de José Dias Vieira, que ficou conhecido como José Jonas, e era filho de Jonas Francisco Vieira e Balbina Dias Vieira, integrante da Força Expedicionária Brasileira – FEB, durante a segunda guerra mundial, nos campos da Itália. A casa, construída há mais de oitenta anos, foi vendida pelos herdeiros e demolida para construção de empreendimento comercial.
Outro prédio histórico e que foi demolido em data mais recente foi o prédio da Escola Rural Mixta do Distrito de Pontinha do Cocho. Era um prédio que foi construído nos anos 1960 para garantir estudo aos filhos de moradores da região, com esteios e vigamento de aroeira e outras madeiras nobres, cujas toras e tábuas foram levadas em diversas viagens e diversos carros de bois, do lugar denominado “Fazenda Taperão”, próximo ao Córrego Fundo, doadas por proprietários, tudo no intuito de levar estudos aos filhos residentes nas proximidades. Foi demolido para a ampliação da Escola Estadual Joaquim Malaquias da Silva.
Foto: Escola Rural “Mixta” do distrito de Pontinha do Cocho, recém destruída (Foto: Etevaldo Vieira de Oliveira) – Favor informar fonte.

Outra casa que marcava a história de Camapuã e foi demolida há poucos meses, foi a casa de madeira da antiga rua da Olaria e hoje rua Jerônimo Alves Ferreira, na Vila Diamantina, próximo à Igreja São Pedro. Ali morou o casal Jonas Francisco Vieira e Balbina Dias Vieira, e a casa era um símbolo histórico de Camapuã, tanto pela idade, como também pela engenharia da construção em madeira, que aliás era o material mais usado na época em Camapuã. Dado o abandono por anos a fio, quando a prefeitura de Camapuã adquiriu o terreno não se atentou para o tombamento daquele prédio quase centenário, que na verdade era uma grande casa avarandada.
Foto: Antiga casa dona Balbina Dias Vieira, recentemente arrancada. (Foto: Etevaldo Vieira de Oliveira) – Favor informar fonte.

Hoje Camapuã já quase não dispõe de prédios particulares com mais de 70 ou 80 anos. Temos o prédio velho dos Correios e Telégrafos, na esquina das ruas Campo Grande e Cândido Severino, e que não é tombado, assim também a Escola Estadual Miguel Sutil, que no formato original era com a engenharia dos anos 1950.
Já na parte privada, podemos citar os prédios da Igreja São Batista, da Igreja Batista, da casa em frente à Praça Ernesto Solon Borges, de parte do prédio onde foi o Colégio Comercial Batista, na esquina da rua Cândido Severino com a rua Marechal Rondon, bem como na esquina de frente, onde é uma loja funerária, onde foi hotel, hospital e outros comércios, nos 60 ou 70 anos.
Dessa forma, ao lado do desenvolvimento e do crescimento econômico do município de Camapuã, a questão histórica do município e também da cidade, do seu povo, da sua tradição, das engrenagem que trouxeram o progresso vão se perdendo no tempo e ficando apenas na memória e nostalgia daqueles que viveram aqueles remotos tempos.
Foto histórica: Cemitério Campo Santo São João Batista (Cemitério Velho) – 1943 (Foto: Arquivo Etevaldo Vieira de Oliveira) – informar fonte.

Foto: Carro de bois, arquivo familiar de Etevaldo Vieira de Oliveira (1967-1968) – Se for utilizar favor informar a fonte.

Foto: Casamento em 1946 – arquivo familiar de Etevaldo Vieira de Oliveira (1967-1968) – Se for utilizar favor informar a fonte.
