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Paz é eleito presidente da Bolívia e encerra 20 anos de domínio da esquerda

Por Maristela Brunetto

Surpreendendo nas duas etapas da eleição, o senador Rodrigo Paz, de 58 anos, foi eleito presidente da Bolívia na noite deste domingo (19). Segundo os resultados preliminares divulgados pelo TSE (Tribunal Supremo Eleitoral), o candidato do PDC (Partido Democrata Cristão) obteve 54,5% dos votos válidos, contra 45,5% do ex-presidente Jorge “Tuto” Quiroga, da Aliança Livre.

O presidente em exercício do TSE, Óscar Hassenteufel, afirmou que “a tendência é irreversível”, segundo divulgou a Folha de São Paulo. Com 97,7% das urnas apuradas, os votos válidos somavam 94,6%, enquanto 0,8% foram brancos e 4,6% nulos. Paz venceu em seis dos nove departamentos, mas não superou Quiroga em sua base política, Tarija.
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Em seu discurso de vitória, Paz defendeu a união nacional e o diálogo com diferentes forças políticas. “A Bolívia pode ter a certeza de que este será um governo para governar com todos os homens e mulheres que queiram reconstruir a pátria”, afirmou. Ele pediu ainda que o “ódio não sirva de bússola para o país”. O novo presidente agradeceu os cumprimentos dos líderes do Peru, Panamá, Equador e Uruguai.

Já Quiroga reconheceu o resultado preliminar, ainda que tenha dito esperar a confirmação oficial. “Aprendi que nenhum triunfo é permanente e que nenhuma derrota nos coloca de joelhos. A Bolívia demanda uma atitude madura, democrática e de Estado, por isso transmiti a Paz as minhas felicitações”, declarou.

O resultado marca uma guinada à direita no país, após 20 anos de hegemonia do MAS (Movimento ao Socialismo), partido que teve em Evo Morales sua principal liderança. O primeiro turno, realizado em agosto, já havia deixado as forças de esquerda fora da disputa. Desde 2009 as eleições não eram resolvidas no segundo turno.

Paz assumirá o cargo em 9 de novembro, em meio a uma grave crise econômica: o país enfrenta recessão, inflação elevada, escassez de combustíveis e falta de dólares, reflexo da queda nos investimentos em exploração de gás natural.

Durante a campanha, o novo presidente prometeu cortar gastos públicos considerados supérfluos — cerca de US$ 1,5 bilhão — e liberalizar a economia. Ele defende o que chama de “capitalismo para todos”, com legalização do comércio informal e estímulo à iniciativa privada. Entre suas propostas estão também a reforma do Judiciário, a revisão da exploração de recursos naturais por empresas privadas, o aumento da participação dos departamentos no orçamento nacional e a reaproximação com os Estados Unidos.

O pleito transcorreu sem incidentes, segundo a autoridade eleitoral. O presidente Luis Arce, que desistiu da reeleição, e Evo Morales, impedido de concorrer a um quarto mandato, votaram pela manhã e defenderam a estabilidade política do país.

Na fronteira com o Brasil, em Corumbá (MS), 289 bolivianos estavam aptos a votar no consulado local. Apesar disso, muitos optaram por atravessar a fronteira e participar diretamente da eleição em território boliviano. Estima-se que cerca de 10 mil bolivianos vivam entre Corumbá e Ladário.

(Foto: AFP/ Reprodução Folha)

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